segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Aspectos sócio-econômicos de Guiné

A Guiné é um país no oeste da África. A capital é Conakry. A principal religião é o Islã (Sunnita).
A língua nacional é o Francês, outras línguas principais são o Mande e o Susu. A Guiné Francesa se tornou independente da França como Guiné em 1958. O país é agora uma república presidencialista onde apesar das estruturas democráticas não há possibilidades razoáveis para a oposição. Independente da França desde 1958, a Guiné não realizou eleições democráticas até 1993 quando o Gen. Lansana Conte (chefe do governo militar) foi eleito presidente do governo civil. Ele foi reeleito em 1998. O conflito em Serra Leoa se espalhou pela Guiné, ameaçando a estabilidade e criando uma emergência humanitária.

As crianças da Guiné estão crescendo em dois mundos diferentes. Muitos têm ainda os pais engajados nas atividades tradicionais: colheitas à mão ou criação do gado. Ao mesmo tempo que seus pais ganham suas vidas nesta maneira velha, tradicional, as crianças vão às escolas modernas onde aprendem Francês, Inglês, e Árabe. Cada criança fala também uma língua tradicional, a língua de sua família, a linguagem mãe. Assim é com as línguas que a criança expressa o velho e o novo.
A Guiné é primariamente um país agrícola. Os animais domésticos são criados por todo o país exceto na planície litorânea. Os agricultores cultivam as colheitas a serem exportadas ou vendidas localmente. Estas colheitas variam nas diferentes regiões da Guiné. Na planície litorânea, por exemplo, as bananas são cultivadas em plantações, na maioria para exportação. Muitas das plantações ficam situadas perto das ferrovias ou próximas do porto de Conakry, que tem equipamento especial para carregamento das bananas. O arroz é cultivado em duas variedades: o tipo molhado, que é cultivado debaixo d'água, e o arroz do monte, que é crescido seco. Os inhames e a mandioca são cultivados também, primeiramente para o consumo da família. No Fouta Djallon, as bananas, as frutas cítricas, e os abacaxis são crescidos. As montanhas também são apropriadas para o cultivo do café. Habitada pelos Fulani, que foram pastores por séculos, esta é também uma área para criação do gado. Os Fulani e seus rebanhos de gado são encontrados também na região da Alta Guiné. Os agricultores ali cultivam amendoins, tabaco, algodão, e sementes para venda comercial, enquanto cultivam a mandioca e o millet para uso da família. Nos altiplanos remotos da Guiné, onde se encontram as fronteiras da Guiné, Serra Leoa, e Liberia, as nozes de kola, café, e tabaco são colheitas tradicionais. Esta região foi envolvida em conflitos fronteiriços no início do século 21 que destruiram a agricultura e criaram uma grande população de refugiados.
Os minerais mais importantes da Guiné são bauxita, diamantes, e minério de ferro. Os diamantes são principalmente de qualidade industrial e poucas gemas. O minério da bauxita, usado para fazer alumínio, é encontrado em ricos depósitos, o mais importante dos quais está na cidade de Fria, cêrca de 145 km norte de Conakry. Ali o minério é usado para fazer a alumina que é exportada para as refinarias de alumínio por todo o mundo. Os grandes depósitos de minério de ferro são minados em reservas da península de Kaloum, em torno de Beyla e de Kérouané, e nas Montanhas Nimba.O transporte na Guiné não é bem desenvolvido, embora uma rede de estradas cubra agora muito do país. A principal ferrovia, originando em Conakry, corre ao norte de Kankan, uma distância de cêrca de 640 km. Outras linhas conectam as principais áreas mineradoras com Conakry. Os aeroportos internacionais ficam situados em Conakry e Kankan.
Exército decreta golpe de Estado e vai às ruas de Guiné após a morte de presidente

Entenda a instabilidade na Guiné
da BBC


A Guiné vive uma disputa pelo poder que teve como estopim a morte, na noite de segunda-feira, do presidente do país, Lansana Conté, de 74 anos. O país, situado na costa oeste da África, é um dos maiores exportadores de bauxita do mundo, mas a maioria dos seus habitantes vive com menos de US$ 1 por dia.


A BBC preparou uma série de perguntas e respostas para ajudar você a entender a instabilidade na Guiné.


O que está acontecendo no país?
Há muito tempo o líder enfrentava problemas de saúde. Horas após sua morte, um anúncio na rádio estatal disse que o Exército tinha dissolvido o governo. Tropas e tanques estão nas ruas e no comando de bloqueios instalados nas estradas. Mas não houve violência e, segundo relatos, o país está calmo.
O primeiro-ministro insiste, no entanto, que o governo ainda está no controle.


Então, quem está realmente no comando do país?
Aparentemente, os militares estão divididos. O comandante do Exército, general Diarra Camara, e um grupo de soldados apóiam o governo. Camara disse à emissora de televisão francesa France 24 que os líderes do golpe não representam a maioria das tropas. Entretanto, até o momento, os líderes do golpe parecem estar dando as cartas.

Exército decreta golpe de Estado e vai às ruas de Guiné após a morte de presidente
O correspondente da BBC Alhassan Sillah, baseado em Conacri, capital da Guiné, disse que a presença de tanques nas ruas tem o objetivo de mostrar que eles estão no comando. Eles estão posicionados em um quartel em Conacri que fica muito perto das estações de rádio e TV nacionais, o que facilita aos revoltosos controlar a mídia.
O capitão Mussa Dadis Camaram, indicado pelos golpistas para liderar a junta militar no poder, anunciou que um conselho nacional de 32 membros vai governar o país até as eleições em dezembro de 2010, quando o mandato de Conté teria terminado.


O golpe foi uma surpresa?
Poucos duvidavam de que o Exército iria desempenhar um papel importante após a morte de Conté, que durante a maior parte do seu governo foi mantido no poder pelos próprios militares. Nos últimos anos, o Exército vinha dando sinais de que tinha cada vez mais controle sobre o país, especialmente no período em que Conté estava doente, sendo visto em público muito raramente.
Quase dois anos atrás, os militares abafaram manifestações nacionais contra o governo de Conté. Cerca de 150 manifestantes foram mortos.
O correspondente da BBC no oeste da África Will Ross disse que sempre que havia descontentamento no Exército, freqüentemente por questões salariais, o presidente simplesmente promovia os insatisfeitos e aumentava seus salários, prejudicando ainda mais as finanças do país.
O nepotismo e a corrupção dominam a sociedade e, como resultado, poucos entre os nove milhões de cidadãos da Guiné se beneficiaram das ricas reservas minerais do país. A preocupação agora é que a luta pelo poder assuma uma dimensão étnica, levando a Guiné a uma guerra perigosa, similar às que deixaram cicatrizes nos vizinhos Libéria e Serra Leoa. A minoria sussu se beneficiou durante o governo de Conté e agora os dois maiores grupos étnicos da Guiné --fulanis e mandingas-- podem entrar em guerra pelo controle do país.


Qual foi a reação da comunidade internacional?
A União Africana, a União Européia, os Estados Unidos e o ex-colonizador da Guiné, a França, condenaram a tentativa de golpe. A organização regional africana Ecowas também pediu que haja uma transição democrática para o poder. Nos últimos 18 anos, a Ecowas tem exercido uma função importante na região, dissolvendo conflitos, enviando tropas e forças de paz para Serra Leoa, Libéria e Guiné-Bissau.
A União Africana fez uma reunião de emergência para discutir a situação. Mas, assim como aconteceu com a Mauritânia, um país vizinho que sofreu um golpe de estado em agosto deste ano, há pouca probabilidade de que simples condenações revertam o golpe.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Configuração Política Guiné

Antes das alterações políticas atuais, a Guiné possuía a seguinte configuração política:

Poder Executivo
Chefe de Estado - Presidente Lansana Conté (chefe do governo militar desde 5 de Abril de 1984. Eleito presidente em 19 de Dezembro de 1993. Morto em 22 de dezembro de 2008). Após sua morte deveria ser suscedido interinamente pelo presidente da Assembléia Nacional Popular e este convocar eleições dentro de 60 dias
Chefe de Governo - Primeiro Ministro Lamine Sidime (desde 8 de Março de 1999)
Gabinete - Conselho de Ministros, indicados pelo presidente
Eleições - O presidente é eleito por voto popular para um mandato de 5 anos. O candidato deve receber a maioria dos votos para se tornar presidente.

Poder Legislativo
Representado pela Assembléia Nacional Popular (Assemblee Nationale Populaire) com 114 cadeiras. Seus membros são eleitos por voto direto popular para um mandato de 5 anos
Eleições - A última ocorreu em 18 de Abril de 2005

Poder Judiciário
Corte de Apelação (Cour d'Appel)
Exército declara golpe de Estado com a morte do presidente de Guiné, Lansana Conté,
vítima de enfermidade, na segunda-feira (22)

ONU pede que Forças Armadas da Guiné respeitem democracia
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da Efe
O secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Ban Ki-moon, pediu que a parcela das Forças Armadas da Guiné que tentaram promover um golpe de Estado nesta terça-feira, após a morte do presidente do país, o general Lansana Conté, "respeitem o processo democrático".
Conforme a porta-voz Marie Okabe, Ban ressaltou que, neste momento de transição, é preciso que haja "uma transferência de poder democrática e pacífica, de acordo com a Constituição". Ban deu pêsames ao governo, ao povo e à família do presidente morto e pediu "calma" a todos, disse a porta-voz.
"O secretário-geral cumprimentou o extenso compromisso do presidente Conté com a manutenção da paz e a unidade na Guiné, e a promoção da estabilidade e cooperação regional na bacia do rio Mano", afirmou.
O golpe começou poucas horas após a morte de Conté. O capitão Mussa Dadis Camara foi à rádio nacional e afirmou que, a partir desta terça-feira, a Constituição estava suspensa assim como "todas as atividades políticas e sindicais". "O governo e as instituições republicanas foram dissolvidos", disse o militar.
Mais tarde, um grupo de militares chegou a convocar "membros do governo e oficiais gerais" a se refugiar no principal campo militar do país, em Conakry.
O apelo não só não foi atendido como os dois principais dirigentes políticos do país --o presidente da Assembléia Nacional, Abubacar Somparé, e o primeiro-ministro, Tidiane Souaré-- foram a público desmentir o golpe. "Não há ameaças contra ninguém", disse Souaré. "Estou seguro de que a razão acabará prevalecendo."

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Guiné - Golpe Militar


Presidente morre e militares assumem o poder em Guiné
da BBC Brasil
O Exército de Guiné anunciou a dissolução do governo e a suspensão da Constituição do país, poucas horas depois da morte do presidente Lansana Conte, 74, nesta terça-feira.
Em um comunicado transmitido pela rádio estatal, o capitão Moussa Dadis Camara anunciou que 'um conselho consultivo' formado por líderes civis e militares assumiria o governo.
As instituições estatais são "incapazes de resolver as crises que vêm confrontando o país", disse o militar. Conte, que morreu aos 74 anos, comandou o país na África Ocidental com mão de ferro desde 1984.
As circunstâncias da morte de Conte ainda não são conhecidas. Sabe-se que ele sofria de diabetes. O primeiro-ministro da Guiné, Ahmed Souare, fez, em rede nacional de TV, um apelo por calma à população e declarou 40 dias de luto nacional.
Desespero profundo
Apenas horas depois do porta-voz do Parlamento ter anunciado a morte de Conte, o capitão Camara foi à rádio estatal avisar que o Exército havia assumido o poder e anunciar a criação de um orgão chamado Conselho Nacional para o Desenvolvimento e Democracia.
"A partir de hoje, a Constituição fica suspensa, bem como as atividades políticas e sindicais", disse ele. "O governo e as instituições da república foram dissolvidas." O capitão Camara afirmou que o país está em estado de "profundo desespero" e que é vital que algo seja feito para melhorar a economia e combater a corrupção.
Ele acrescentou ainda que um militar assumiria a presidência e um civil seria o novo primeiro-ministro de um novo e eticamente equilibrado governo. O correspondente da BBC Alhassan Sillah na capital, Conacri, disse que não há sinais de tropas nas ruas.
"Onde estou está mais quieto do que o normal, a não ser pelo barulho dos veículos que passam nas ruas e são poucos", disse ele ao programa Network Africa, da BBC.
"Não vi nenhuma criança de uniforme de escola e também não vi nenhuma das mulheres que, a esta hora, estariam indo ao mercado."
Mais cedo, o líder da União para o Progresso da Guiné e o secretário da aliança da oposição, Frad, Jean-Marie Dore, pediram uma transição pacífica de poder.
"A coisa mais importante hoje é que as instituições do país possam trabalhar para evitar desordem desnecessária na Guiné, o que traria piora na situação já difícil", disse Dore à Radio France Internationale.