quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Faixa de Gaza - História

Língua oficial
árabe
(Outras línguas: hebraico, inglês)
Área
- Total - 360 km²
População
- Total - 1,428,757 (Julho de 2006)
O território é dividido em cinco partes: Rafah (ao sul, que faz fronteira com o Egito, Khan Yunis, Dayr al-Balah, Cidade de Gaza e o Norte de Gaza.
Apenas 13% do território é composto por terras aráveis.
A língua falada no território é o árabe, seguida do hebraico; o inglês é compreendido por alguns habitantes.
A maioria dos habitantes da Faixa de Gaza são muçulmanos sunitas, com uma minoria cristã.
A Faixa de Gaza tem uma das populações mais jovens do planeta, com 48,1% da população enquadrada na estrututura etária entre os 0 e os 14 anos.
A Faixa de Gaza é um território situado no Médio Oriente limitado a norte e a leste por Israel e a sul pelo Egipto. É um dos territórios mais densamente povoados do planeta, com 1,4 milhões de habitantes para uma área de 360 km². A designação "Faixa de Gaza" deriva do nome da sua principal cidade, Gaza.
Actualmente a Faixa de Gaza não é reconhecida internacionalmente como pertencente a um país soberano. O espaço aéreo e o acesso marítimo à Faixa de Gaza são actualmente controlados pelo estado de Israel, que ocupou militarmente o território entre Junho de 1967 e Agosto de 2005. A jurisdição é por sua vez exercida pela Autoridade Nacional Palestiniana.


Demografia
A população da Faixa de Gaza é de 1 428 757 habitantes (dados de Julho de 2006). Cerca de 60% da população é composta por refugiados chegados nas duas vagas geradas pelas guerras de 1948-1949 e de 1967; os restantes são populações indígenas. Grande parte da população habita nas cidades, das quais se destacam Gaza, Khan Yunis, Rafah e e Dayr al Balah.
A Faixa de Gaza tem uma das populações mais jovens do planeta, com 48,1% da população enquadrada na estrututura etária entre os 0 e os 14 anos. A taxa de crescimento anual da população é de 3.71% e a esperança média de vida é de 71,97 anos.
A nível religioso, a maioria dos habitantes da Faixa de Gaza são muçulmanos sunitas, com uma minoria cristã. A língua falada no território é o árabe, seguida do hebraico; o inglês é compreendido por alguns habitantes.


Geografia
A Faixa de Gaza situa-se no Médio Oriente. Possui uma fronteira de 51 quilómetros com Israel e um fronteira de onze quilómetros com o Egipto, perto da cidade de Rafah.
O território é plano, sendo o ponto mais alto Abu 'Awdah, com 105 metros de altura.
O seu clima é temperado, com verões secos e quentos. Apenas 13% do território é composto por terras aráveis.
O Aeroporto Internacional de Gaza (posteriormente renomeado Aeroporto Internacional Yasser Arafat) foi inaugurado a 24 de Novembro de 1998, mas foi encerrado em Outubro de 2000 por ordem israelita. A pista do aeroporto foi destruída pelas Forças de Defesa de Israel em Dezembro de 2001, encontrando-se por isso o aeroporto em estado de inoperabilidade. A Faixa de Gaza possui um heliporto.


História
Com o fim do Império Otomano em 1917, o território que é hoje conhecido como Faixa de Gaza foi concedido à Grã-Bretanha pela Sociedade das Nações sob a forma de mandato sobre a Palestina. Quando em 1947 a Assembleia-Geral das Nações Unidas dividiu a Palestina em dois estados, um judeu e o outro árabe, a área que corresponde à Faixa de Gaza deveria integrar o estado árabe. Porém, o plano seria rejeitado pelos Árabes, dando início à primeira guerra israelo-árabe. A cidade de Gaza foi durante este conflito invadida pelo Egipto e em resultado das lutas com Israel, acabou por definida uma linha de armistício em torno da cidade, que se tornaria a Faixa de Gaza.
Esta faixa de terra foi um dos locais onde se fixaram as populações árabes palestinianas que se tornaram refugiadas em consequência da guerra entre Israel e os paises árabes vizinhos. A Faixa de Gaza esteve sobre controlo egícpio entre 1949 e 1967, excepto no anos de 1956-1957 quando foi tomada por Israel durante a crise do Canal de Suez. O Egipto não considerou os refugiados ali fixados como cidadãos egípcios, embora tenha permitido que estudassem nas suas universidades. Por sua vez, Israel não permitiu o regresso dos refugiados nem os compensou economicamente pela perda das suas terras. Os refugiados palestinianos seriam em larga medida apoiados pelas Nações Unidas, que ali instalou campos de refugiados.



Em 1967, Israel ocupou a Faixa de Gaza em resultado da sua vitória na Guerra dos Seis Dias. Durante a década de setenta e oitenta seriam ali instalados colonatos pelos governos de Israel.
Em Dezembro de 1987 iniciou-se a primeira Intifada, ou levantamento da população palestiniana contra o exército israelita.



Em Setembro de 1993 Israel e representantes da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) assinaram os Acordos de Oslo, nos quais se previa a administração por parte dos palestinianos da Faixa de Gaza e de partes da Cisjordânia através de uma entidade política, a Autoridade Nacional Palestiniana.
O Hamas, movimento político de carácter religioso nascido em Gaza em 1982, e a Jihad Islâmica, opuseram-se às negociações com Israel e realizaram a partir de 1995 uma série de ataques terroristas contra a população civil israelita. Estas acções impediram o avanço das negociações entre Israel e a OLP, situação reforçada com a chegada ao poder de Benjamin Netanyahu em 1996, que não concorda com aspectos negociados. O início da Segunda Intifada, em Setembro de 2000, estagnou ainda mais as negociações.



Em 2005 o primeiro-ministro israelita Ariel Sharon conseguiu que o Knesset (parlamento de Israel) aprovasse o plano de retirada unilateral dos 21 colonatos judaicos existentes na Faixa de Gaza, que Sharon apresentou em 2003. A decisão gerou controvérsia, tendo sido constestada pela direita nacionalista e religiosa israelita. O desmantelamento dos colonatos deu-se em menos de um mês, entre 15 de Agosto e 12 de Setembro. Alguns colonos resistiram a retirada, praticando actos de violência contra o exército israelita.
Com a chegada do Hamas ao poder em uma eleição livre e democrática decorrida em Janeiro de 2006, a situação do conflito israelo-palestiniano alterou-se, pois um dos itens da carta de fundação do Hamas é a libertação total da Palestina, incluindo a eliminação do Estado de Israel. Muitos analistas definem que as novas negociações de paz devem começar com a retificação desta carta, como ocorreu com a OLP, enquanto outros definem que esta retificação deve ser o produto final da negociação.
O futuro da Faixa de Gaza permanece incerto, sendo o território visto como eventual parte de um futuro estado palestiniano.


Retirada Israelita da Faixa de Gaza
A Retirada Israelita da Faixa de Gaza (hebraico: תוכנית ההתנתקות ou תכנית ההתנתקות) (oficialmente: Lei de Implementação do Plano de Evacuação) foi uma proposta do primeiro ministro israelita Ariel Sharon, adoptada pelo governo e decretado em Agosto 2005, para remover toda a presença permanente israelita da Faixa de Gaza e de quatro colonatos no norte da Cisjordânia.


A evacuação
A 8 de Abril de 2005
, o ministro da Defesa Shaul Mofaz disse que Israel deveria considerar não demolir os edifícios evacuados na faixa de Gaza, à excecpção das sinagogas (devido aos medos da sua potencial dessagração), uma vez que tal seria mais caro e demoraria mais tempo. Isto contrastava com o plano original do primeiro ministro para demolir todos os edifícios deixados vagos.
A 9 de Maio o começo da evacuação dos colonatos foi adiado oficialmente de 20 de Julho para 15 de Agosto, para não coincidir com as Festividades Judaicas das Três Semanas e do Tisha B'Av, que tradicionalmente assinalam angústia e destruição.
A 13 de Julho Sharon assinou a ordem do fecho de Gush Katif, fazendo da área uma zona militar fechada. Desse momento em diante, somente os residentes que apresentaram bilhete de identidade israelita com a sua morada registada em Gush Katif foram autorizados a entrar. Licenças por 24-48 horas foram dadas a visitantes selectos durante algumas semanas antes que a toda a área fosse selada completamente aos não residentes. Apesar desta proibição, alguns apoiantes do Gush Katif entraram a pé através dos campos e do deserto. As estimativas variam entre algumas centenas e alguns milhares de pessoas que entraram ilegalmente neste período. A certa altura, Sharon considerou enviar a polícia de fronteiras (Magav) para remover os não residentes, mas decidiu não o fazer pois o número de agentes necessário seria demasiado grande.
À meia-noite entre agosto 14 e agosto 15, a passagem de Kissufim foi fechada e a Faixa de Gaza tornou-se oficialmente fechada à entrada de Israelitas. A evacuação pacifica continuou após a meia-noite de 17 de Agosto, para os colonos que pediram uma extensão do tempo para embalar as suas coisas.



A 17 de Agosto a primeira evacuação forçada de colonos, como parte da evacuação, começou. Aproximadamente 14.000 soldados e polícias israelitas prepararam-se para evacuar forçosamente colonos e "mistanenim" (infiltrados). Houve cenas de tropas que arrastaram colonos aos gritos das casas e das sinagogas, mas com menos violência do que esperado. Alguns manifestantes cantavam "judeu não expulsa judeu" ("יהודי לא מגרש יהודי") ao protestar contra a acção das tropas.



A 19 de Agosto o The Guardian relatou que alguns colonos faziam os seus filhos sair de casa com as mãos no ar, ou usando uma estrela de David na lapela, para associar as acções de Israel com as da Alemanha Nazi e com o Holocausto.



A 22 de Agosto Netzarim foi evacuado pacificamente pelas forças armadas israelitas. Isto marcou oficialmente o fim da presença israelita na Faixa de Gaza ao fim de 38 anos, embora os grupos de demolição continuassem lá a trabalhar, e a transferência de poderes oficial estivesse planeada para ocorrer semanas mais tarde.



A 23 de Agosto a evacuação dos quatro colonatos da Cisjordânia foi realizada; enquanto os residentes de Ganim e de Kadim, na sua maior parte seculares e de classe média, tinham há muito abandonado as suas casas, diversas famílias e aproximadamente 2.000 infiltrados tentaram impedir a evacuação de Sa-Nur e de Homesh, que tinham uma percentagem maior de população religiosa. Após negociações, a evacuação foi terminada de forma relativamente pacífica. Isto terminou, de acordo com o comandante-em-chefe Dan Halutz do Exército Israelita, o primeiro dos quatro estágios da evacuação: evacuação dos residentes, evacuação da propriedade civil, demolição das casas, e finalmente a relocalização das instalações do Exército Israelita. A data para a retirada oficial da Faixa de Gaza foi anunciada para entre 10 e 20 de Setembro.



A 7 de Setembro o Exército Israelita anunciou que planeava avançar com a retirada total da Faixa de Gaza a 12 de Setembro, dependendo da aprovação do governo israelita. Anunciou-se também que na área evacuada na Cisjordânia o Exército Israelita planeava transferir todo o controlo (excluindo licenças de construção e anti-terrorismo) à AP (Autoridade Palestiniana) - a área permaneceria "Área C" (controlo total israelita) de jure, mas "Área A" (controlo total da AP) de facto.



A 11 de Setembro teve lugar uma cerimonia quando a última bandeira israelita foi arreada no Quartel General divisional do Exército Israelita na Faixa de Gaza. Todos os soldados do Exército Israelita saíram da Faixa nas horas seguintes. O último soldado deixou a Faixa e a passagem de Kissufim foi fechada ao início da manhã de 12 de Setembro. Isto concluiu a evacuação da Faixa de Gaza.



Em 22 de Setembro o Exército Israelita retirou de Mevo Dotan e terminou a retirada dos colonatos da Cisjordânia. Embora o Exército Israelita continue a patrulhar estas áreas, já lá não possuirá uma base e a terra estará disponível para uso palestiniano.



terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O Escolasticídio em Gaza


Uma nova palavra emergiu da carnificina em Gaza: “escolasticídio” -- a sistemática destruição, realizada pelas forças israelenses, dos centros de educação queridos à sociedade palestina. O Ministério da Educação foi bombardeado, a infraestrutura do magistério destruída e as escolas em toda a Faixa de Gaza foram alvo de ataques aéreos, terrestres e marítimos.
“Aprenda, baby, aprenda” foi um lema do movimento de direitos civis dos negros nos guetos da América, uma geração atrás, mas ele também emblematiza a idéia de educação como pilar central da identidade palestina –- uma recompensa tradicional para o estudo, que é endurecida pela ocupação, algo que os israelenses “não toleram e tentam destruir”, de acordo com a Dra. Karma Nabulsi, que leciona política em St. Edmund Hall, Oxford. “Já sabíamos antes, e vemos mais claramente que nunca agora, que Israel está tentando aniquilar o palestino instruído”, diz ela.
Os palestinos estão entre os povos de mais instrução no mundo. Ao longo de décadas, a sociedade palestina – na Cisjordânia e em Gaza e esparramada pela diáspora – tem enfatizado singularmente o aprendizado. Depois das expulsões de 1948 e da ocupação de 1967, ondas de refugiados criaram uma intelligentsia palestina influente e uma presença marcante nas disciplinas de medicina e de engenharia no mundo árabe, na Europa e nas Américas.
Com a paciência obsessiva dos enlutados, vamos documentando os crimes de guerra, um por um. Dos mais perversos, sem dúvida, é o escolasticídio, a deliberada destruição das estruturas educacionais que a sociedade de Gaza, precária, mas competentemente, havia construído.


Ainda Guiné


Guiné Conacri: Comunidade Económica do Estados África Ocidental suspensem país das suas atividades

Abuja, 10 Jan (Lusa) - Os dirigentes dos 15 países que integram a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) suspenderam hoje a Guiné-Conacri das actividades naquela organização, depois do golpe de Estado a 23 de Dezembro, anunciou a CEDEAO.
De acordo com o presidente da Comissão da CEDEAO, Mohammed Ibn Chambas, os dirigentes "condenam firmemente o golpe de Estado de 23 de Dezembro na Guiné Conacri" e "suspendem aquele país de todas as reuniões da CEDEAO ao nível de chefes de Estado e de ministros, até à restituição da ordem constitucional".
Uma junta militar tomou o país na Guiné Conacri depois de ter realizado um golpe de Estado, horas após o anúncio da morte do presidente Lansana Conte, que governou durante 24 anos.
No passado dia 29 de Dezembro a União Africana já tinha suspendido a Guiné Conacri das suas actividades.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Hamas - o que é?

militantes armados dos Hamas

Partido político, movimento de assistência social e grupo militar: as várias faces do Hamas, organização palestina que não reconhece a existência do Estado de Israel e controla a Faixa de Gaza.
O Hamas é uma organização radical palestina que não reconhece a existência do Estado de Israel e que, desde junho de 2007, controla a Faixa de Gaza. Hamas é a abreviatura para Harakat Al-Muqawama al-Islamia (Movimento de Resistência Islâmica).
O Hamas é, ao mesmo tempo, um partido político e um movimento militar, as Brigadas Qassam. São elas que organizam os ataques com mísseis contra Israel.
As origens do grupo remontam à Irmandade Islâmica, organização fundamentalista criada em 1928 no Egito. Com o início da primeira Intifada (insurreição, em árabe) contra Israel, em 1987, a Irmandade Islâmica criou um braço armado, o qual chamou de Hamas.
A organização ficou conhecida somente em 14 de dezembro de 1987, quando o nome Hamas surgiu num panfleto em que o grupo anunciava sua luta contra Israel. O Hamas prega o fim do Estado de Israel e a sua substituição por um Estado palestino que ocuparia a área onde hoje estão Israel, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.
Apesar das posições radicais do Hamas, Israel no início apoiou o braço político-assistencial do grupo, numa tentativa de enfraquecer a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), então liderada por Yasser Arafat e sediada em Túnis.
A intenção era mostrar que havia forças nas zonas ocupadas que poderiam representar melhor os palestinos do que a OLP. Anos antes, Israel já havia tentado provar que a OLP não era o único representante dos palestinos.
O Hamas é considerado uma organização terrorista pela União Europeia, pelos Estados Unidos, pelo Canadá, pelo Japão e, claro, por Israel.
Para muitos palestinos, entretanto, trata-se de uma organização beneficente, que presta ajuda e assistência nos lugares onde a Autoridade Nacional Palestina (ANP) falha.
Foi também graças à atuação do Hamas que foram inaugurados hospitais, jardins-de-infância, escolas e pontos de distribuição de sopa nos territórios em conflito, o que permitiu que a organização ganhasse amparo junto à parte pobre da população palestina.
O Hamas virou um partido político em 2005. Em janeiro do ano seguinte, venceu as eleições parlamentares palestinas, derrotando o Fatah e ficando com a maioria das cadeiras.
Em junho de 2007, a chamada Batalha de Gaza resultou na expulsão do Fatah da Faixa de Gaza, que passou a ser controlada pelo Hamas. Em resposta, o presidente palestino, Mahmud Abbas, retirou representantes do Hamas do governo da Autoridade Nacional Palestina na Cisjordânia.

Cronologia do Ataque Israelita a Gaza

Cronologia dos acontecimentos

Nesta cronologia, procuramos relembrar os principais antecedentes do ataque israelita a Gaza: a imposição do bloqueio económico, o cessar-fogo entre Israel e o Hamas, e os fatos que levaram ao seu rompimento.

10 a 14 de Junho de 2007
Uma curta guerra civil é desencadeada em Gaza, com o Hamas a derrotar e expulsar do território os militantes armados da Fatah. No dia 14, o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, dissolveu o governo de unidade palestiniana do primeiro-ministro Ismail Haniyeh, do Hamas, e declarou o Estado de emergência. Gaza ficou sob controlo total do Hamas, e a Cisjordânia da Fatah. O Hamas terá decidido que não tinha alternativa senão destruir as forças de segurança da Fatah em Gaza, que receberam de Israel armamento moderno para combater o Hamas. Aos seus olhos, o ataque foi uma guerra preventiva.
Depois da vitória do Hamas, Israel fecha as fronteiras de Gaza, dizendo que as forças da Fatah tinham fugido e que não havia ninguém para controlá-las e dando início ao bloqueio a Gaza.

23 de Janeiro de 2008
Palestinianos fazem explodir o muro que marca a fronteira do Egipto com a Faixa de Gaza, do lado da cidade de Rafah, e atravessam-no em massa. A polícia egípcia não colocou obstáculos à sua acção, limitando-se a impedir o tráfico de armas. A fronteira ficou aberta durante 11 dias e apenas nos primeiros cinco foram gastos 250 milhões de dólares na cidade egípcia mais próxima, Arish. A 24, o Conselho de Direitos Humanos da ONU condena o bloqueio pela 15ª vez em dois anos, considerando-o punição colectiva. A 27, o primeiro-ministro de Israel, Ehud Olmert, promete que Israel não voltará a interromper o fornecimento de comida, combustível e medicamentos ao território.

19 de Junho de 2008
Entra em vigor o acordo para uma trégua entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza. O acordo, alcançado com a mediação egípcia, estabeleceu o fim das operações militares e uma abertura progressiva das fronteiras da Faixa de Gaza, terminando o bloqueio que Israel impusera há um ano. O cessar-fogo era previsto para seis meses e pressupunha várias fases. Israel comprometia-se a não realizar incursões militares em Gaza e o Hamas a que não caíssem rockets artesanais Qassam no sul de Israel. Caso o cessar-fogo fosse cumprido, Israel comprometia-se a abrir gradualmente a fronteira de Karni, para que passassem mercadorias para o território.
Para uma segunda fase, estava prevista a libertação do soldado israelita Gilad Shalit, preso em Junho de 2006 por milicianos do Hamas, e a abertura da passagem de Rafah, fronteira de Gaza com o Egipto.

24 de Junho de 2008
Israel ataca Nablus, matando dois palestinianos, incluindo um comandante da Jihad Islâmica. Mais tarde, no mesmo dia, três rockets Qassam são lançados sobre Sderot, causando dois feridos ligeiros. A Jihad assumiu a responsabilidade pelos lançamentos, mas o Hamas pressionou a organização a cumprir o cessar-fogo. No dia 26, foi a vez de a Fatah lançar rockets.

25 de Agosto de 2008
Dois barcos fretados pela organização pacifista "Libertem Gaza" atracaram na Faixa de Gaza, desafiando o bloqueio decretado por Israel ao território. Foram recebidos por centenas de palestinianos eufóricos. O governo de Israel tinha ameaçado ter "todas as opções em aberto" para evitar o desembarque, considerado "uma provocação". Mas, "na hora H", mudou de opinião e não o impediu. Entre os 46 activistas que viajaram a Gaza - com nacionais de 14 países - estava uma freira católica de 81 anos, a jornalista britânica Yvonne Ridley e Lauren Booth, cunhado de Tony Blair. Os activistas foram recebidos pelo primeiro-ministro Ismail Haniyeh, do Hamas, em clima de festa.

14 de Novembro de 2008
A agência da ONU de ajuda aos refugiados palestinianos (UNRWA) adverte que o encerramento das fronteiras imposto por Israel deixou os seus armazéns vazios, e que iria ter de suspender o fornecimento de alimentos a 750 mil palestinianos de Gaza que dela dependem. Apesar dos combates, que já duravam há 11 dias, nem o Hamas nem o governo israelita assumiram o rompimento da trégua.

4 de Novembro de 2008
A aviação israelita mata seis militantes do Hamas sob o pretexto de que estavam a escavar um túnel para capturar soldados israelitas. O Hamas considerou o ataque um maciço rompimento do cessar-fogo.

20 de Dezembro de 2008
O Hamas anuncia que não vai renovar o cessar-fogo porque Israel não cumpriu a sua parte e não acabou com o bloqueio a Gaza, para além da ajuda humanitária. Anunciou que retomaria o lançamento de rockets em direcção ao Neguev.

24 de Dezembro de 2008
O New York Times resumiu assim a situação que levou ao fim do cessar-fogo: "A abertura das passagens comerciais era o principal objectivo do Hamas no seu cessar-fogo com Israel, assim como o fim do lançamento de rockets era o principal objectivo de Israel. Mas enquanto que o lançamento de rockets decresceu dramaticamente de centenas mensais para 15 a 20 por mês, Israel disse que não permitiria a retomada do comércio porque o lançamento de rockets não tinha parado completamente e porque o Hamas continuava a contrabandear armas do Egipto através dos túneis no deserto. O Hamas disse que isto era uma violação do acordo, um sinal das intenções de Israel e a causa para novo lançamento de rockets."